analfabeto poético
analfabeto pior não há
se não o analfabeto poético
ele não enxerga a beleza que há
em toda floresta por onde ele passa
pois só ver nela troncos pra da madeira fazer armários
ou se esconder em portas janelas e portões como santuários
e fazer seu alojamento primeiro
e dessa demencia sua
que lhe faz protagonista
alpinista das oportunidades
silenciosas e alcoviteiras
ele não come
ele não bebe
ele não ouve
não goza poesia
vive na tocaia
como mendigo
do seu próprio verbo
sem vida substantiva
derivada de mesquinhez
apodrecida por insensatez
à beira dos abismos-alicerces
racionais e racionalistas
cheio de regras, limites e ditames
como maquiagens frouxas
de enganos fortuitos
sem beleza nenhuma
oca vazia cinzenta
mesclada de sorrisos plásticos
sem os vieses dos caminhos marginais
não sabe do belo que há
no sorriso do homem
do cheiro de uma mulher,
na alma de um menino,
no néctar de um por do sol
na tez de uma pétala
na folha que cai
pelo cio do verão
na gota de orvalho que irriga
qualquer fome
qualquer paixão
pra ele é dificil
o poético perceber
pois analfabeto maior não há
nem aqui nem em qualquer lugar
por onde há mundo
onde há ar água céu e inferno
o tempo que não rude
insiste em tal homem alimentar
analfabeto homem!!!
ridiculo!!!
puritano!!!
maldito!!
iletrado dos versos da vida
medíocre imediatista
calculista das manhãs
(de todas manhãs)
dos lucros de si,
do seu própio nome
de sua alma
e do proprio outro homem
que como seu semelhante no mundo aí está
analfabetos famintos de lucros
grossos... grotescos...vulgares...
rápido e ligeiro
tirano de vil
homem nádegas-nádegas
ralas moles flácidas
homem bunda-nada
sem fezes
reles de podridão
a alicerçar e a estercar cercas
impuras inférteis desérticas
como estéril fica a tua nação
o seu olhar não tem brilho
pois a tua alma não tem cio
portanto não podes gozar
o por do sol?
um mero ocaso aos acasos
de suas divindades atrozes
fincadas em altar-mor maldito
esquisito que me causa fastio doentio
com cheiro de funeral
o ar que tu respiras não tem cor
brilho ou vigor
e paira nele poeiras de incertezas
de manhãs que deviam estar coloridas
pintadas de esperança
com os orgasmos da vida
como herança do verbo viver
suas manhãs não tem cheiro
seus caminhos e estradas se multiplicam
ao aviltamento de si mesmo
pois voce não
se re-liga a nada
apenas em si
para si
e por si mesmo
como um náufrago do seu proprio barco
à deriva sem leme
sem os estribos do fazer poesia do seu hálito
que poderiam desvirginar outros dias
sem fábricas
ou tormentos
nutridos do vigor da vida
sem um grão
da poesia
do existir