meus olhos

meus olhos navegantes

cruzaram mares e rios

vilarejos

cidades

montanhas

saudades

desejos

sonhos vadios

luas e luas

por noites

e noites a fio

meus olhos distantes

guardam em si

uma intensa luz

de outros tantos olhos

o calor de outros tantos braços

tantas bocas inconstantes

e nunca mais foram

aquilo tudo o que eram antes

meus olhos errantes

ah esses meus olhos

fascinados que são

amantes

aprenderam de cor

canções inteiras

aprenderam poemas

viveram momentos

viveram tantas cenas derradeiras

tantas lágrimas

tantas tristezas

que nunca foram arrastadas

nos braços da correnteza

implacavel do tempo

esses meus olhos ofegantes

intensos

intrusos

indefesos

fundos

e agora tão molhados

tão guardados

tão reclusos

de tanto medo

que tem do mundo

jose luis lacerda
Enviado por jose luis lacerda em 09/05/2012
Reeditado em 09/05/2012
Código do texto: T3657823