A Onipresença da Inexistência

Quero abrir os braços indo de encontro aos carros que vêm.

Quero sambar numa cama de faquir.

Quero acordar sendo o pó que vento espalha aos quatro cantos.

Quero ser a onipresença da inexistência.

Um significado instantâneo e linear

Para ontem

No emaranhado de infinidades

Abstratas

Que não tangem minha

Feia realidade

Pra chamar de meu.

Quero ser a língua que lambe o césio 137

Quero ser o nariz que inala Zyklon B

Quero ser o solitário no bivaque inimigo

(Tão desarmado quanto desalmado)

Quero ser o pescoço exposto ao cepo

(Ansioso pela passada inclemente da lâmina)

Por que quero ser a onipresença da inexistência?

Ser o pus espesso que escorre do melanoma?

Porque quero ser a onipresença da inexistência

Porque quero ser o meu próprio significado

Deixar de ao fracasso ser fadado

Explicar-me e bastar-me a mim mesmo

E tornar-me um axioma.

08/05/2012 - 22h38m

Rafael P Abreu
Enviado por Rafael P Abreu em 08/05/2012
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