A Onipresença da Inexistência
Quero abrir os braços indo de encontro aos carros que vêm.
Quero sambar numa cama de faquir.
Quero acordar sendo o pó que vento espalha aos quatro cantos.
Quero ser a onipresença da inexistência.
Um significado instantâneo e linear
Para ontem
No emaranhado de infinidades
Abstratas
Que não tangem minha
Feia realidade
Pra chamar de meu.
Quero ser a língua que lambe o césio 137
Quero ser o nariz que inala Zyklon B
Quero ser o solitário no bivaque inimigo
(Tão desarmado quanto desalmado)
Quero ser o pescoço exposto ao cepo
(Ansioso pela passada inclemente da lâmina)
Por que quero ser a onipresença da inexistência?
Ser o pus espesso que escorre do melanoma?
Porque quero ser a onipresença da inexistência
Porque quero ser o meu próprio significado
Deixar de ao fracasso ser fadado
Explicar-me e bastar-me a mim mesmo
E tornar-me um axioma.
08/05/2012 - 22h38m