Prelúdio para uma lapidação hipotética






Eu sou o mar contido na carne,
falando línguas que desconheço.
Não me entende mas saiba apenas,
que o silêncio é o mesmo em todos os idiomas.

Neste mar invertido e pouco natural,
é o rochedo que vem dar nas águas,
e para o chão resvala com gosto de sal.

É poeira, ação mecânica das mãos,
e minha arquitetura desabando,
perdendo a consciência lentamente.
Meus tecidos nada sentem,
nem minha fala pedindo perdão.
As pedras voam pela condenação,
e o corpo se desintegra atrevidamente,
para libertar o asco inalienavelmente alheio,
pela minha tão singular condição.


EDUARDO PAIXÃO
Enviado por EDUARDO PAIXÃO em 08/05/2012
Reeditado em 08/05/2012
Código do texto: T3657361
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.