Prelúdio para uma lapidação hipotética
Eu sou o mar contido na carne,
falando línguas que desconheço.
Não me entende mas saiba apenas,
que o silêncio é o mesmo em todos os idiomas.
Neste mar invertido e pouco natural,
é o rochedo que vem dar nas águas,
e para o chão resvala com gosto de sal.
É poeira, ação mecânica das mãos,
e minha arquitetura desabando,
perdendo a consciência lentamente.
Meus tecidos nada sentem,
nem minha fala pedindo perdão.
As pedras voam pela condenação,
e o corpo se desintegra atrevidamente,
para libertar o asco inalienavelmente alheio,
pela minha tão singular condição.