O CHORO DE UM ABORTADO

Espírito deitado nos braços da vida...
Dos beijos ao êxtase...
De êxtase a vencedor
De vencedor a zigoto
De zigoto a feto...
Ato consumado, eu nasço... Feito...
Mas...
Se me for permitido
Se for aceito!

Por que não fui pensado
Na hora do êxtase e dos beijos?

Qual o meu pecado?

Não nasci e pela madre já sou assassinado!

Tudo é justo...
E a madre me julga
Bolo de carne vazio de tudo!

Mãe... Um dia foste bolo de carne Também...
O que seria se vovó te julgasse sem valia
Te negasse amparo
E te fizesse feto a correr desfeito pelo ralo?
Hoje não estaria viva para ser minha assassina!

Agora choro este choro amargurado
A placenta descolada
A vida se esvaindo e eu feto de tudo
De carne, de espírito e de alma...

Agora choro este choro magoado
Sentenciado por um ato irresponsável
Que não cometi...
Mãe... Por teu descuido sou julgado!

Agora choro este choro sentido
Antes de nascer, fui abandonado
Envenenado, sacrificado...

Mãe...Pretendia amar-te...
Mas agora o que me resta é perdoar
Pois irá pesar em teu coração
As lagrimas deste filho Abortado!


 
Noah Aaron Thoreserc
Enviado por Noah Aaron Thoreserc em 08/05/2012
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