Encenação crística-dionisíaca

Meu peito arde em dor,

confusão inebriante,

estupor em não compreender

as chamas que me queimam.

Os pregos em minhas mãos,

porto das cordas

com as quais me move,

rasgam minha carne.

Dai-me mais de si!

Venha ser carne como eu!

Doeu-me sua lança em mim,

espada flamejante

a cortar-me as cordas.

Ainda resta a Cruz.

Você, então, me seduz

a encará-la com firmeza,

como carneiro selvagem

a galopar nos montes.

Você está aqui?

Além das cordas,

voce está aqui?

Uma imagem de mim

diante de mim

e no fim percebo

que o ator encena

sua própria dor

através de mim.

Você está aqui

e me diz para encenar consigo,

como amigo,

não mais personagem.

Percebo que sou sua imagem,

sua voz, sua carne,

seu cárcere, seu amor,

veículo de seu espírito,

que encena a si mesmo.

Depois, dor, imcompreensão,

no vazio de mim.

Não vejo mais nada,

por que me abandonou?

_ Não me vê, porque agora,

eu sou você!

Baco Diphues
Enviado por Baco Diphues em 07/05/2012
Reeditado em 10/05/2012
Código do texto: T3654778