Águas-vivas

Parece fazer carícias, porém...

Gruda, destrói com fogo, causa ferimentos.

Só solta quando repara que já vai deixar a sua cicatriz.

Se é funda ou se é superficial,

Só está sujeito à nossa capacidade de suportar,

Aos nossos movimentos, às nossas negativas ou resignações...

Já tiro de letra as que permanecem na superfície, visíveis, bailarinas.

Evito-as, de uma a uma, veloz.

Comemoro vitórias, antecipadas, inclusive imaginárias.

Mergulho no mar, sem receio, com um “pseudo-cuidado”.

Às vezes, justamente no momento de sair calco em uma.

Berro. Derramo Lágrimas. Enfureço-me. Procuro elevar o pé.

Infalível. O estrago já está feito.

Responsabilidade minha? Ou dela?

Ou das duas? Ou de nossa condição? Ou de nenhuma?

E isso, na realidade, interessa?

Cuido dos machucados,

Desejando que a única acometida desta vez seja a pele.

Que a alma não sofra ao se recordar deste instante

De frustração, de dor,

De ardor, sofrimento, medo intenso.

Juro jamais adentrar no mar.

Prometo ser mais zelosa comigo própria.

Mas o mar... ahhh, ele sempre me chama!

E lá estou eu novamente, dentro dele, em situação de risco,

Apesar dos factíveis danos.

Viver, como diria Guimarães Rosa, é correr perigo.

Quem sou eu para não concordar com ele!

Quem sou eu para renunciar viver...

Tatiane Gorska
Enviado por Tatiane Gorska em 07/05/2012
Código do texto: T3654442
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