separação

Havia na praça duas moças bonitas

Que me convenceram a continuar

A não sair dali.

Uma envelheceu mais rápido

O peso das suas escolhas, creio eu,

Lhe marcaram com mais força

A pele de seu rosto, que passou

A ser composto de muita amargura.

A outra, como uma mágica, ficou

Leve e duradoura, seus olhos ainda

Se Compõem de esperanças.Vive

Na ponta das sapatílhas e dança

Todos os dias quando o céu se lhe põe

A brilhar.

A primeira, por insistência ou orgulho,

Não sei, continua. Mas suas pernas

Tremem ao se dar conta das frestas

Trágicas que lhe amarga os caminhos

A outra, por ignorância, ou por Deus,

Não sei também, vive coma uma louca

A se confundir com a clareza dessas manhãs,

Bonitas e poucas que só encontramos

Nos resumos da infância.

Um dia olhei com mais violência

E algo apareceu que até então

Não havia percebido. Aquelas duas

Mulheres não se conheciam.

Ariano Monteiro
Enviado por Ariano Monteiro em 06/05/2012
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