OUTRO AGORA

Perdi o gosto do teu beijo

Esqueci como são as curvas do teu corpo

Perdi-me... não conheço mais o teu cheiro

Não lembro mais da sensação de afagar teus cabelos

Não sei mais de você...

Fico confuso com tua memória

Não sei o que fazer com teu sorriso

A que paragens me leva o som da tua voz?

Já não sei...

Teus seios não me prometem mais delicias

Tuas pernas não prendem mais meu desejo

Quem é você?

Pra onde foi todo aquele desejo?

O que é que me contas com teu olhar agora?

Se é que ele ainda conta algo...

Vejo você por ai nas ruas

Tantas calçadas tantos becos

Vejo você nas vielas

Sobre as pontes e viadutos

Encontrei você nos parques

Vislumbres rápidos de teus sorrisos entre as flores

Desviei o olhar...

Evitei você naquela festa

Evito-te em qualquer festa

Fujo da falta de sensações que me provoca tua presença

Escapo do vazio que é você

Não conheço mais a mulher que és

O que te tornaste hoje me afugenta

Minha memória tua se perdeu em pálido passado

E de La não pode mais voltar

Desaprendi o caminho de nosso antigo amor

Adquiri mais senso de mim mesmo

Sou mais eu...

Sigo a vida em franca amnésia de você

Sem saudade

Sem culpa

Sem ódio

Me disseste “hoje sou outra”

Apenas calei

E entendi

É outro homem que vês nas ruas agora

Também mudei

É este outro que por vezes encontras

É a ele que lanças olhares languidos repletos de vazias promeças

Mas este outro homem que sou...

Não conhece você.