O julgamento

Lá estava ele, no meio de tudo

Ele era o objeto, o objetivo

A causa de todo aquele absurdo

Ele nada dizia, esperava os outros

Os outros ainda especulavam

Aos ouvidos mais próximos, sussurravam

E lá, sempre ele, o objeto de todos os olhares

Ele parecia saber o que procede

E os outros mais apavorados do que ele!

Até parece que sabiam,

Que qualquer justiça coletiva é injusta

Mas era hora de dizer algo

Depois de tanto tempo,

Algo teria que ser dito!

Sua vida, aquele momento pertencia,

Antes de algo ser dito, alguém agiu:

Não, por favor não!

Logo foi retirado do recinto...

Voltava-se ao centro

Lá vinha o homem de preto

Maldito observador, centralizador

Controlador, maldito causador da dor

"Causa-me dor por me julgar!"

Gritou ele do centro...

"Condeno-te a pena máxima!"

Respondeu o homem de preto...

Te condeno a transcender para uma realidade

Onde os seres que lá pairam

Sucumbem em orgulho e vaidade

Onde vais encontrar valor fácil, no que não é teu

E nunca te estabilizarás!

Hora teu corpo doerá, hora tua mente vai gritar

Nada poderás fazer, que não seja por segundos

Tudo isso maestrado pela ilusão

Luz, muita luz te servirá de pulsão

Até tu enfraquecer e por fim

Voltar aqui, para que possamos te julgar

Necessário a voltar, ou descansar um pouco

No escuro vasto da consciência que dorme...