Farândola
Esse ramalhete ardil
E seu congresso minado
Súcia de paletó
Revoadas de sonhos castrados
Memórias curtas, pingadas.
Pés descalços, na estrada.
O pão, a água e mais nada.
Animais confinados em seus desejos
Indefesos soldados sem guerra
Guardados em suas celas
Armados de sofrimentos
Vidas secas ou afogadas
Rostos do sul e do norte
Parábolas eleitorais
Assim anda os maltrapilhos
Assim passeiam os desgarrados
Assim gorjeia a horda.
As nuvens turvas se alastram
Os pés, nos espinhos, se gastam.
De joelhos se tornam ovelhas
Na teia do salvador.
Acender seu grito
Expiar sem dor
Emergir seu valor.
Espia-se Brasil!