E aí me perguntas...
E aí me perguntas o que tenho a te dizer...
E eu só me lembro das marcas
As que se fizeram dentro do meu peito...
Porque as marcas que trago
Fui eu quem as escolheu
Ninguém pode marcar o outro
interiormente
Se nós mesmos não permitimos que o façam
E minhas marcas são tão minhas
Que nem posso dividi-las contigo
Só com meu espelho
Não aquele que me aparece
Mas aquele que não se mostra
Sim, tenho espelhos invisíveis
Rondando-me na alma
E são esses que me mostram as marcas
Mais visíveis
E, por ironia, as menos explicáveis...
Quem não tem marcas não viveu
Só pensou...
Se bem que, se pensou, já alguma marca eternizou
O pensamento é um grande incentivador de marcas
Muitas vezes, ele as alimentam
E as trazem, e as fazem sangrar
Como se fossem feridas recém adquiridas numa batalha
E elas, as almas, travam batalhas realmente
Sim, penso por vezes ter muitas almas
E as vejo se digladiando
Para mostrarem quem é a mais poderosa
E qual delas irá me deixar marcas maiores
E qual delas irá vencer no final
E qual delas me ajudará a dizer:
Eis aqui tua serva...
E aí me lembro do que aprendi:
Preciso salvar minha alma..
E te pergunto: qual delas?
E tu nem me respondes
Porque se eu não sei
Quanto mais tu
Que deveria te preocupar com tua alma
Não com a minha
Sim, e as marcas?
As marcas estão aqui
E ficarão, tenho certeza
Todas as marcas em mim
E todas minhas
Só minhas.
(Adriana Luz - março de 2005)