PERDOADO PELA POESIA
Quando quis me abandonar
aos cuidados próprios da boemia,
tive que cuidar.
Amor demais, furtando-me à poesia
e à irresponsabilidade do poeta.
Vida pelo meio, incompleta.
Às vezes amante, outras ausência.
E com filho, como se há de compor
o tanto de se dar amor?
Na poesia não há desistência
como não há na paternidade.
Talvez tenha amado pela metade.
Talvez muito pouco à poesia me dado,
logo a ela, a amante mais possessiva,
às vezes doce, jamais passiva.
Talvez tenha ela me perdoado
pela única e insuperável razão
de ter sido ao filho que dei o coração.
Quando quis me abandonar
aos cuidados próprios da boemia,
tive que cuidar.
Amor demais, furtando-me à poesia
e à irresponsabilidade do poeta.
Vida pelo meio, incompleta.
Às vezes amante, outras ausência.
E com filho, como se há de compor
o tanto de se dar amor?
Na poesia não há desistência
como não há na paternidade.
Talvez tenha amado pela metade.
Talvez muito pouco à poesia me dado,
logo a ela, a amante mais possessiva,
às vezes doce, jamais passiva.
Talvez tenha ela me perdoado
pela única e insuperável razão
de ter sido ao filho que dei o coração.