PERDOADO PELA POESIA

Quando quis me abandonar
aos cuidados próprios da boemia,
tive que cuidar.

Amor demais, furtando-me à poesia
e à irresponsabilidade do poeta.
Vida pelo meio, incompleta.

Às vezes amante, outras ausência.
E com filho, como se há de compor
o tanto de se dar amor?

Na poesia não há desistência
como não há na paternidade.
Talvez tenha amado pela metade.

Talvez muito pouco à poesia me dado,
logo a ela, a amante mais possessiva,
às vezes doce, jamais passiva.

Talvez tenha ela me perdoado
pela única e insuperável razão
de ter sido ao filho que dei o coração.
Nelson Eduardo Klafke
Enviado por Nelson Eduardo Klafke em 04/05/2012
Reeditado em 06/11/2013
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