SINA TRISTE
Chora minha vida,
Não as dores que, um dia senti,
Tempo, destino infeliz
E sim, a vida que não vivi...
Queria ser banido de mim mesmo,
Poder fugir do meu desânimo.
E antes, que tudo estivesse consumado,
Desfrutar mais vezes, velhos sonhos de criança...
Tomar banho de chuva ou
Andar sob a chuva, alegre delícia,
Sentar-me na relva verdinha,
E me enfeitar das pequenas flores,
De todas as cores, flores silvestres.
Diria palavras ternas àquelas amiguinhas...
Nunca te ausentastes da cidade natal
Mas, para que?
O segredo flui livre por tuas raízes.
Não discutem a monotonia
Dos dias a se arrastarem, pois,
Percebem os diferentes tons
Que a luz solar confere
A tudo na natureza.
Pobre sina triste,
Não vês que eu não sou astro cintilante?
E sim, pobre criatura terrestre.
Incapaz de atingir às alturas a que me atrais?...
És maravilhoso astro interior,
Não te apiedes de mim,
Vá se encontrar com sua grande jornada.
Deixa-me entre pedras e sumos
Para aprender que um segundo pode ser duradouro
E deve ser vivido em toda a sua duração.
Permanecerei ouvindo.
Não só o canto harmonioso das aves
Mas os sons mais simples
De pingos de chuva caindo no telhado,
De gotículas de orvalho me acariciando,
Do silêncio das criaturas mais humildes, singelas
Á acatar a chegada da noite.
Obrigado por me acompanhar até aqui,
Porém, é chegado o momento da despedida...
Vitoria Moura 03/5/2012
Ma Vie