contemplação
na madrugada
me veio o espanto
recorri-me à água
ao ver tanto pranto
a parede de volúpia fina
de gentil o humor alegra
é madeira que de bruta briga
fez vencedora uma forte donzela
olha que negra e escura
tão quão é seu olhar
refinai o cristal doce
para o amargo assimilar
estas máscaras tão autênticas
quem diria encontrar?
não se sabe mais o espelho
a qual face espelhar
pálidos são os negros
negros olhos do amor
se comparam ao infinito
e a ausência de cor
retrátil é esculpir talentos
copiar o que se cria;
é essa a indigente
que de ti roubava as fantasias
zele o medo! sobreviva!
nunca perca a coragem
pois covarde é aquele que teme
com a morte seguir viagem
belas praias me recordam
mas me esqueço da tua face
sua voz em mim foi gravada
mas seu rosto porém foi miragem
já me custa o suor frio
fazer o que de fato é obrigatório
é ciente o sofrer do coração
é rotina, é algo aleatório
vão se eterna a disposição
choram-me os puços falsos
que parecem pedir socorro
por tanto escrever tais fatos
agora posso começar
a dar adeus à despedida
posso partir agora de noite
e amanhã te trazer bom dia