O sonho no baú arcano

Borboleta, flor pulsante.

O outono é um trombonista no velório das canções

Nesse quadro da alma sobre o portão fechado.

A perguntar: meu Deus! Será o mundo claro de sentido?

Imperfeição festejável?

Muro cruel que delimita espaço ao vento?

Para tanto espanto são erguidas transparências

No vasto mundo de aprendiz discreto.

Quer a solidão o movimento inverso

Do taciturno sonho em salto

Aprisionado num baú arcaico.

Os músicos e os bebedores líricos

Compõem enlaçados os mesmo planos

Incerteza, versos, harmonias, louvores.

Sonhando claridades azuis tonais onde há tristeza.

Por vezes a discrição é o gênio da fineza.

Brilha a noite enluarada para aguar os rios,

As raízes, as fontes, os cristais, famintos prantos.

Na plurifacial medida do delírio afável,

Restam luas aos nobres desencantos.

Por entre a vasta quietude invadeável, medida.

Pulsa o coração imóvel, prático, fixo.

Reverberando insones tardes domingueiras.

O olhar quer reavistar o anoitecer

Dispersar florais, aspergir perfumes.

Triplicar estrelas, paraísos, esplendores.

Sorver goles como notas ao piano

Ver por fim a simples borboleta

Como serenata a bela flor pulsante.

Tércio Ricardo Kneip
Enviado por Tércio Ricardo Kneip em 03/05/2012
Reeditado em 03/05/2012
Código do texto: T3647001
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