O sonho no baú arcano
Borboleta, flor pulsante.
O outono é um trombonista no velório das canções
Nesse quadro da alma sobre o portão fechado.
A perguntar: meu Deus! Será o mundo claro de sentido?
Imperfeição festejável?
Muro cruel que delimita espaço ao vento?
Para tanto espanto são erguidas transparências
No vasto mundo de aprendiz discreto.
Quer a solidão o movimento inverso
Do taciturno sonho em salto
Aprisionado num baú arcaico.
Os músicos e os bebedores líricos
Compõem enlaçados os mesmo planos
Incerteza, versos, harmonias, louvores.
Sonhando claridades azuis tonais onde há tristeza.
Por vezes a discrição é o gênio da fineza.
Brilha a noite enluarada para aguar os rios,
As raízes, as fontes, os cristais, famintos prantos.
Na plurifacial medida do delírio afável,
Restam luas aos nobres desencantos.
Por entre a vasta quietude invadeável, medida.
Pulsa o coração imóvel, prático, fixo.
Reverberando insones tardes domingueiras.
O olhar quer reavistar o anoitecer
Dispersar florais, aspergir perfumes.
Triplicar estrelas, paraísos, esplendores.
Sorver goles como notas ao piano
Ver por fim a simples borboleta
Como serenata a bela flor pulsante.