Os olhos Invisíveis
O perfume senta no meio da rua,
Rompe a noite sem revelar a lua,
Que anda nua, suspeita, crua.
A beleza bêbada dança com o ímpio fado,
Caminha nua, de mãos afáveis solidárias desencontradas,
Veste-se incolor por debaixo da dor.
A música entoa as asas do tempo,
A melodia turva escorre lágrimas brilhantes,
Os hinos voam com a liberdade das aves do campo.
O mar que nos esconde o fim,
Vem sempre com um novo dia,
Uma onda que renova os segundos do ar.
O sol abre as páginas do livro,
Escreve sem perceber uma poesia eterna,
No céu flutua, a estrada imensa da aquarela.
A vida anda na estrada, navega no silêncio
chora, como uma ode à alegria,
Dorme desejando os mil amores da melodia.
A vida, A música, A beleza
O mar, O sol, O perfume
São olhos de prazer, corpos de canção exagerada.