direito
Cadê minha mãe
Que morreu tão novinha
Sem esperança?
Magra de pena, pedindo perdão
Por tudo de bom
Que não pôde fazer
Cadê Selvino
Que me vendia chiclete barata,
E dizia que o filho não daria certo.
Morreu espumando na calçada
O filho olhou
O pai encaixotado pra viagem,
Em nome do pai, do filho e do espírito santo
Graças a Deus!
Se curvou como se curva
Diante do insuportável
À serena presença
Da partida eterna.
Anos depois vi
Meu próprio pai
Dançando o passe colorido
Do Adeus,
De barba crua despenteada
Dando seu salto celeste
Ficaram dentro da gente
Ainda...
Morto por fora
Mas vivo por dentro
Criando legislações e negando o passeio
Até hoje a porta da rua é um mistério
A mesa de sinuca, uma civilização perdida
E todas as bicicletas do mundo estão trancadas
E ser pobre ainda não é um direito