descampado

O bicho bate palmas

E dança toda a noite

O menino ri de sua fúria

E bebe vinho ao seu lado

Ouve de seus lábios

Palavrinhas de medo

O moleque se encanta

E pergunta:

Senhor Bicho

Como faço pra

Ser como o senhor?

O bicho corre

E comprava mais vinho:

O jeito era beber pra esquecer

Esse artefato de guerra.

O menino zombava,

Ardente, tomando a goles

A verdade daquela noite

Continuava rindo e dentro da sua boca

Uma dançarina pegava um taxi.

E o bicho assustava

E cobria-se lamparinas

E vaga-lume

Daqui a pouco muda tudo

E o tempo vai ser de tédio

Sua boca vai fechar

E a moça do taxi

Vai soletrar silabazinhas

Intoxicadas de amor.

O bicho não pode ver

Porque seus olhos

Só funciona em terras

domesticadas

Ariano Monteiro
Enviado por Ariano Monteiro em 02/05/2012
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