Esquecimento
o trigo ondula ao vento
a tarde, uma ilha desconhecida,
recita barcarolas no vago ar de maio
poemas ritmados e alvos como o momento
os pássaros gorjeiam na timidez da tarde alaranjada
sob os olhos a se fecharem no cântico hierático do sol
flutua no ocaso a noite adormecida e seus mistérios
flutua a noite pela paisagem nua sem amor
Os girassóis fecham os olhos do dia
no céu onde caminha a solidão
faz-se inverno e silêncio
[nos meus lábios
[nos teus olhos negros
[na minha agonia
[nos teus seios níveos
Desde o silêncio que se seguiu aos meus olhos
Desde os caminhos desertos que se seguiram aos meus passos
Desde as palavras que desposaram o fogo nu do tempo
Meu coração entardece encharcado soluçando marulhos do mar
[Conjugando o solitário semblante do esquecimento,
momentos de uma história sem ninguém