O RECONHECIMENTO DAS PERNAS
Passos simétricos
Arrastados passos
Tão culpados
Quanto todo compasso.
São os passos que curvam a estrada
Dos sonhos de outrora
E que caminham na margem do rio
Tristonhos...
E que carregam sonhos
Tão cansados de sonhar
Que forçam em avançar
Inconscientes adentro
Do furor amargo
Da estrada sem atalhos.
São os passos de pés calejados
Que viveram tempos imortais
Na história tão carregada de desejos.
São os pés que carregam este português tão mouco
Que tão pouco, que oco, o toco do versar
Do meu versar tão roco, loco, mesmo tosco.
Que os passos fastigados carregam por amar.