O RECONHECIMENTO DAS PERNAS

Passos simétricos

Arrastados passos

Tão culpados

Quanto todo compasso.

São os passos que curvam a estrada

Dos sonhos de outrora

E que caminham na margem do rio

Tristonhos...

E que carregam sonhos

Tão cansados de sonhar

Que forçam em avançar

Inconscientes adentro

Do furor amargo

Da estrada sem atalhos.

São os passos de pés calejados

Que viveram tempos imortais

Na história tão carregada de desejos.

São os pés que carregam este português tão mouco

Que tão pouco, que oco, o toco do versar

Do meu versar tão roco, loco, mesmo tosco.

Que os passos fastigados carregam por amar.

Bernardo Cruz
Enviado por Bernardo Cruz em 01/05/2012
Código do texto: T3643418
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.