Espaço Travestido
Percebo a escuridão que traveste o dia
Diante de um sol que clareia as colinas,
Tempestade em que um devaneio assassina
O silêncio cobarde que sorrateiro me anestesia.
Uma brisa secular faz-me suar de frio,
Nuvens negras camuflam uma lua envergonhada
Que se esconde carrancuda sem alumiar as estradas
Onde os ventos sopram as folhas de um patamar vazio.
Na paisagem tímida surge uma noite pálida,
Pássaros noturnos rasgam um céu de mortalha,
Um ressabiado tapete de estrelas me agasalha
Num sonho que reflete as nuances da esquisita madrugada.
Eis o trilhar das horas que obscurece o tempo
No arrebol íntimo onde nasce e perece o sentimento!