Espaço Travestido

Percebo a escuridão que traveste o dia

Diante de um sol que clareia as colinas,

Tempestade em que um devaneio assassina

O silêncio cobarde que sorrateiro me anestesia.

Uma brisa secular faz-me suar de frio,

Nuvens negras camuflam uma lua envergonhada

Que se esconde carrancuda sem alumiar as estradas

Onde os ventos sopram as folhas de um patamar vazio.

Na paisagem tímida surge uma noite pálida,

Pássaros noturnos rasgam um céu de mortalha,

Um ressabiado tapete de estrelas me agasalha

Num sonho que reflete as nuances da esquisita madrugada.

Eis o trilhar das horas que obscurece o tempo

No arrebol íntimo onde nasce e perece o sentimento!

Ivan Melo
Enviado por Ivan Melo em 01/05/2012
Código do texto: T3643360
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