TRISTEZA DO MEU SERTÃO Poema de: Flávio Cavalcante
TRISTEZA DO SERTÃO
Poema de:
Flávio Cavalcante
I
Ah, se meu sertão não fosse triste
Meu povo teria o que comer
Mataria a dor que machuca e insiste
De não ver alegria no entardecer
II
Ah, se meu sertão tivesse fartura
Para dar de comer a toda minha gente
Me desse do pé aquela fruta madura
Que um dia foi enterrada uma semente
III
Ah, meu sertão eu tenho esperança
Que tudo isso vai mudar um dia
Aí volto feliz que nem criança
E tiro do peito a ferida que doía
IV
Ah, meu sertão das veredas e caatingas
Da lua que brilha tentando me alegrar
Das gotas ausentes d’água nas moringas
Da sede travada que não posso saciar
V
Ah, meu sertão do sol que arde e castiga
Por que és triste com tanta beleza?
Se tens a lua como tua melhor amiga
È namorada da grande realeza
VI
Ah, meu sertão pede pra ela intervir
E pedir ao sol pra parar de castigar
Assim eu terei motivo para sorrir
E a felicidade de estar no meu lugar