OPERÁRIO-PADRÃO

O direito é do chefe

O dinheiro do patrão

A pobreza do operário

Desse homem sem razão

Na hora de construir

Ele é da sociedade

Quando é prá dividir

Sente na alma

A navalha da falsidade

Enquanto no barraco

Um tampa os buracos

O outro faz planos

Num terreno de mil

Metros quadrados

À custa de exploração

Ele transa exportação

Sem mais alegria

O peão pensa num dia

Em sair dessa aflição...

Ele pensa pro norte voltar

Nem que seja prá passear

O agente milionário

Este astuto trapaceiro

Pensa no país estrangeiro

A grana do povo gastar

O infeliz sonha com pão

Enquanto o outro negocia

Riquezas com o Japão

E o sertanejo, apenas lamenta:

Por quê? meu Deus

Fui deixar minha vida lá

Nas asas brancas do sertão!...

Na lembrança do nordestino

A música sertaneja

Ecoa sons estridentes

De uma seca pestilenta

Porém conformado

Aguardam misericórida divina

Agora não há mais lendas

Lampião não há mais...

Com sua arma consagrada

E assim o tempo

Deságua no vento

E como uma cantilena

que vai nas asas do anú

Esse pássaro negro assovia

Como se os martelos das obras

Acompanhassem esse verso em melodia:

"O direito é do chefe

O dinheiro do patrão

A pobreza do operario

Desse homem sem razão".

*Esse poema de l984, salvo pequenas alterações, continua tão atual,

que na minha opinião, só mudou mesmo os anos, e creio, infelizmente

que daqui a alguns anos, quando eu tiver-me ido, esse poema estará

mais atual que hoje. POEMA EXTRAÍDO DO MEU SEGUNDO LIVRO: AINDA HÁ TEMPO.

CONSTANTINO GRIGÓRIO BARUC - 01/05/2012

BARUC
Enviado por BARUC em 01/05/2012
Código do texto: T3643049
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