Casa de tolerância Literária






Em nossa casa de portas abertas,
onde a luz vermelha não é decorativa,
entra curioso, mas sai quem tem juízo....

Admitimos todo tipo de deboche,
todo tipo de suruba organizada,
admitimos dandys fugitivos,
que arrastam atrás de si os armários.
Admitimos moças de vida aerada,
e seus "empresários"alternativos...
Toda sorte de criadores da escumalha,
e a gente marginal de baixa extração.

Estatutos escritos nas coxas,
sermos censurados é nossa missão.
Poemas concretos em formas fálicas,
substituem os gênios da oração.
Nossa missão é oferecermos o ultraje,
pra ver você se debater em sua moral...
por isso as moças em trajes microscópicos,
e os rapazes com coleiras e soutien de metal.

Isso é imoral, é feio, é hediondo...
mas acaso pensam os tolos,
que só há belezas em seus peitos?
O refinamento é a maquiagem do esgoto,
de todos que nasceram para produzir dejetos.

Em nossa casa de má fama,
entram todos, que eu sei.
Só que uns entram disfarçados de sacerdotes,
outos entram dando a cara pra bater.

As letras sempre foram mais sujas que brilhantes,
pois nascem do intestino, e não do coração.
Se não tem culhões pra bancar a verdade,
também não tente transformar urubu em pavão.


Há mais poesia entre as coxas de uma vadia,
do que numa loa tola ao amor pasteurizado.
E nossa casa abriga de tudo......
Da poesia manca, ao conto sodomizado,
do clássico proscrito, ao moderno despudorado.






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Imagem: A pintura é de El Greco. A cara de pau é minha. 
EDUARDO PAIXÃO
Enviado por EDUARDO PAIXÃO em 29/04/2012
Código do texto: T3640839
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