Valsa para três
Dançamos eu, você e todo mundo,
uma música já há muito manjada.
Em versão quartedo de cordas,
valsa meio descompassada,
ou hardcore song for the dumbs.
Eu, do meu lado, acho que a dança continua,
você, do seu lado, entende que a dança acabou.
Os outros não sabem se ficam ou vão embora,
embora saibam que a música mudou.
Dançar nunca foi honesto pra ninguém.
Um conduz, como entende o correto,
o outro acompanha, como se fosse fiel,
outros observam, por trás das casacas,
e mais outros esperam para cumprirem seu papel.
No fim quem conduz sou eu,
dançando com uma ilusão perdida.
O que comigo dançava era a vida,
que após o acorde final se deu por vencida,
pois se só eu dancei nessa escrita,
é sinal de que algo errado sempre existiu.