Pálido Anjinho
Meu anjo, que teu suspiro
Seja luz d’uma alma dolente,
Torne-se o ar que respiro,
Página de vida tão demente
Mas quando findar-se o dia,
Que doura sua face tristonha
Morra ao peito toda agonia
A existência tão enfadonha
Em sua poltrona jaz deitada,
Com os cabelos negros soltos,
Beijando a imagem enlutada
Dos sonhos virgens e revoltos
Contudo uma nódoa perturba
Teu sincero e lívido olhar
Desbotando tua virgem turba
Na febre dolorida do amar
Quem te viu assim donzela?
Refém de um meigo carinho?
Tão Brilhante a beira da janela
Não foi eu pálido anjinho?