brilhante negro

Recôndidos

Que a vida brilhe

No fundo do rio e fora do véu.

Nas estradas e no centro da cidade.

... Nos bares decaídos

E nos cantos destruídos...

E que o céu se ponha andar

com pés de barro

e alegria de marfim.

E a chuva que fura

O mar enquanto vive,

Se forme de lanças

coloridas, dissolvendo

Dramas e tramas

que machuca a carne.

É a vida se abrindo,

Ana Bela me ouvindo,

A canto da manhã me cobrindo,

E que o amor:

Cansado e abandonado.

Seja arrastado, de novo,

Para um baile encantado...

Que faça rir a menina triste.

O desempregado,

O bêbado vencido,

A dona de casa perdida.

o homem sem valor.

as ruas esburacadas,

os dias de tédio.

Que as máscaras se perdoem.

E que os homens amem,

mais do que o amor,

os seus escombros.

Ariano Monteiro
Enviado por Ariano Monteiro em 28/04/2012
Código do texto: T3638433