VI MINHA ALMA
Vi minha alma esta tarde
Em lúgubre vizita ela veio
Desnudou calada e sem acenos todas as minhas quedas e dissabores
Vi minha alma esta tarde
Tão estranha existência tenho tido
Uma coleção antiga de momentos idos
Vi relances e recomeços
Velhos traumas e novas dores
Vi sorrisos radiantes de outrora
Alegrias anciãs de outros tempos
Vi luzes que já não explico
E atitudes que eu quis esquecer
Vi minha alma esta tarde
Toda nua de vaidades
Como uma ninfa em um campo florido
Vi minha alma a recitar coisas mortas
A ranger no meu coração sentimentos que eu já tive
Vi minha alma e me sinto cansado
Humano que sou pereci ante este esforço
Mandei embora esta senhora extravagante
Que tantas inconvenientes verdades traz consigo
Calado fico agora
Mas sinto o pranto...
Meu pranto sentido.