O ladrão de palavras
Extra, extra, foi descoberto o maior ladrão de palavras do mundo.
Ele nem sabia por que estava fazendo aquilo, mas estava tão acostumado, que não se dava nem ao trabalho de pensar como tudo começou...
Às vezes ele chegava de mansinho e elas estavam todas reunidas e não se deixavam capturar.
Mas ele não desistia e num descuido, carregava o maior número de palavras possíveis...
Dava um trabalhão danado, pois, muitas queriam ficar no meio da estrada e ele pacientemente, juntava uma a uma e as colocava em seu bolso e o fechava bem fechado.
Ao chegar a sua casa, descobria que estava faltando algumas letras e novamente, lá ia ele na árdua tarefa de capturá-las para a composição de seus textos.
A cada dia, via crescer ante seus olhos, os mais belos poemas...
De amor, solidão, encanto, sedução...
E no seu deslumbramento, via nascer belas histórias de homem valente, sonhador. Homens que acreditava na força do amor...
Porém, um belo dia, veja só que decepção, foi acusado de um crime sem direito a apelação.
A cidade ficou triste, vazia e silenciosa. Apenas ouvia-se o som do murmúrio de uma rosa.
Queria ser colhida, pelo ladrão de palavras, o homem que transformava sonhos em realidade.
Enquanto o sujeito esperava sua sentença, foi feita uma busca em sua “humilde residência” e qual não foi o espanto ao descobrir tantas palavras. Palavras de amor, poesia, felicidade...
Estavam todas penduradas no varal da amizade.
Todas elas se juntaram e fizeram um alvoroço. Gritando a uma só voz: "pode ir soltar o moço"!
Ao perceber o engano, cometido no momento, o réu confesso afirmou, perante seu julgamento: Eu não posso me livrar, do meu destino afinal, sou poeta faço versos, e roubar é minha sina. Não me prendam, sou humilde, eu só roubo pode crer, porque preciso das palavras para eu sobreviver.