O VALE
É verde o vale a minha frente
É longo o rio que por ele serpenteia
Tantas arvores e exuberância em seu curso
Mil mistérios nas margens
Mil sombras em suas noites estranhas
Mil almas
Desta distancia eu não ouso os urros
Não escuto o criquilar dos grilos
Nem o canto dos pássaros
Mas estão La eu sei
Frondosas arvores velhas a reter segredos vegetais
Noticias de fungos em seu solo úmido
Pegadas e rastros que não vou reconhecer
Nem rastrear
Odores múltiplos exalando das sombras
Dos emaranhados...
Da relva
Pequeninos animais coleando nas folhas mortas
Escondidos nas moitas
Espreitando das samambaias
Vaidosas aves a entoar antigos cânticos
Revoadas a enegrecer o céu
Miríades de tons diluídos nas ramagens
Ecos reverberando no ar
Algum símio?
Misterioso primata da minha mente?
Quem dera...
Ao longe o vale me envia seus sinais
Faz seus convites
Minha mente viaja a seu encontro
Meu corpo covarde, no entanto... a janela permanece.