Ele te fuma.

O velho compra sua queda,

o novo também,

e correm atrás do seu próprio vício.

Retira do pacote

e logo acende.

Investe seu tempo

ele beija sua boca,

corta seus laços

e mais cria laços,

ele te seduz.

Proporciona-te obsessões,

e dá-te venenos,

vagarosos venenos, venenos cegos

nalgum pudor.

Um trago de prazer,

uma respiração doentia,

uma fumaça majestosa aos seus olhos,

uma morte invisível.

Ele te adestra,

controla-te,

você não o quer mais,

mas ele já está no controle.

O que antes era um prazer,

agora é um fardo,

colocou-te pesados aguilhões,

o que antes era uma paixão

agora tornou-se opressão.

E como uma bituca queimada,

sua vida vai se esvaindo pela fumaça,

uma fumaça diária,

uma fumaça alucinante.

Tragando-te de cinco em cinco minutos,

por vezes um intervalo maior,

mas não passa de uma hora

do almoço para o jantar.

Entre tantos e tantos anos,

todos os dias

ele te acende,

ele te queima,

ele te fuma.

Cesare Turazzi
Enviado por Cesare Turazzi em 28/04/2012
Reeditado em 01/09/2012
Código do texto: T3637527
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