Ele te fuma.
O velho compra sua queda,
o novo também,
e correm atrás do seu próprio vício.
Retira do pacote
e logo acende.
Investe seu tempo
ele beija sua boca,
corta seus laços
e mais cria laços,
ele te seduz.
Proporciona-te obsessões,
e dá-te venenos,
vagarosos venenos, venenos cegos
nalgum pudor.
Um trago de prazer,
uma respiração doentia,
uma fumaça majestosa aos seus olhos,
uma morte invisível.
Ele te adestra,
controla-te,
você não o quer mais,
mas ele já está no controle.
O que antes era um prazer,
agora é um fardo,
colocou-te pesados aguilhões,
o que antes era uma paixão
agora tornou-se opressão.
E como uma bituca queimada,
sua vida vai se esvaindo pela fumaça,
uma fumaça diária,
uma fumaça alucinante.
Tragando-te de cinco em cinco minutos,
por vezes um intervalo maior,
mas não passa de uma hora
do almoço para o jantar.
Entre tantos e tantos anos,
todos os dias
ele te acende,
ele te queima,
ele te fuma.