PLANADOR

Como um planador, em silêncio, sobrevôo o infinito espaço

Saboreando a companhia de brilhantes andorinhas que rasgam o céu em silêncio absoluto.

Como um planador arremesso meu corpo por entre as nuvens claras

E entorpecido, sinto as minúsculas gotas d’agua molhando minha face

Uma delas, a andorinha mais brilhante, me acompanha de perto

Parece querer, ao se aproximar mais, olhar bem fundo nos meus olhos.

Me observa e se encanta com meu vôo, também livre e silencioso, como o seu.

Mas não entende a tristeza estampada no meu rosto

A expressão dela, ao contrário da minha, e talvez por isso não entenda,

É de pura felicidade - o que se vê claramente com o seu vôo leve e feliz.

Me distancio mais, porque o meu vôo deve ser solitário e assim quero continuar.

Levanto meu rosto, arremessando meu corpo para cima, sentindo o vento mais forte de encontro ao meu corpo

Subo bem alto, sentindo agora os raios de sol batendo diretamente no meu peito

E, subitamente, inclino meu corpo para baixo, deixando-o em queda livre, num declínio interminável.

A andorinha que me acompanhava, plana me observando a certa distancia.

Observo, de cima, e tenho mais nítida a visão que já tive em todos o momentos até agora vividos.

A velocidade é inacreditável e o vento que bate em meu corpo exerce uma pressão contrária muito grande,

Parece que quer me impedir do inevitável !

O que sinto é uma interminável sensação de liberdade e fascínio

O chão se aproxima rapidamente, fazendo com que eu consiga ver a paisagem verde clara.

A andorinha acompanha tudo e seu semblante agora é nitidamente triste,

Mas o meu, ao contrário não, tenho a plena liberdade e fascínio sobre tudo que vejo e sinto.

Antes de chegar ao fim, olho mais uma vez para cima e observo a andorinha, planando, me observando,

Parece agora entender, e ao ver meu sorriso, segue seu vôo, agora com outro destino, eternamente livre e silencioso.