Oculos de Alfazema

Vem-lhe na boca

Um amar de jasmim

De novo, volta-se

Pra dentro, e arde

Em vontade

De ser uma árvore seca

Um parto de pedregulho

Na rua.

Vestido de mulher,

O velho brito, que perdeu

Até a vergonha na cara

Depois que a mulher se foi

Os amigos do bar

Jogam apostados

Na mesa, valores

Casados:

Esposa

Filhos e emprego.

Jorginho está crescendo

Já anda de bicicleta sozinho

O apelido e passarinho

Voa acima da cabeça

Do homens Tatus

Que descem e não

E não se envergonham

De se sujar de

A rua comprida

Não se cansa

De ter velhos

Descansando.

E no resto, Dona

Emília não envelhece

Continua na porta da rua

Mascando fumo, cheirando a querose

Vendo o mundo

Com óculos de alfazema.