Como você

Silêncio

Outono

As folhas secas se debruçam sobre

os níveos véus da manhã,

e caem

Colho os versos que a lágrima semeia

nos jardins antigos do sonho

nos quintais de uma antiga criança

Correm descalços os sonhos

pelas praias desnudas da tua ausência

dos teus mares

agora exaustos

a agonia das espumas

desenhando rendas nas ondas

querendo ser poesia

O verso

que não se mostra inteiro

A dúvida

que me divide ao meio

A rima

que arrulha na ponta da língua

não acontece

A palavra se esconde

atrás das flores

Um vento distraído

se equilibra sobre a página

[ainda em branco

A manhã esbatida

flutua sobre sofismas

No fim das linhas

há algo vago

como uma saudade

quebrada

como uma noite

sem um céu

ou algo assim

como você