arquibancada

O corpo de veludo marrom

Comprido, espichado

Cor de borra de café molhada

E brilhante.

Dentro dos seus olhos

Tem mil sóis, mil praias, amores de verão,

Desses arretados, que consome a gente um tempão

Equilibra vinte

Anos sobre sapatos altos

Vermelhos igual a unha,

Que se comportam

Assanhados, Inquietos, desaconchegados

Levando ela pro mundo!

E os homens vai, vai, olhando só,

Já que suas pernas são curtas

E quase todos tem hora de voltar pra casa.

A perna sobe de um jeito que dá medo.

E a gente querendo intimidade conforme

Conforme o céu acena.

Oh, céu que é longe! Só se vê terra e paisagem,

Capim seco, redes de pedra, e a gente

Sofre, dá saudade de casa, quer voltar

O paraiso se afasta quando se tem medo.

E é o que mais tenho.

Quando abre a boca

Só palavras bronzeadas

Que ninguém conhece no chão de fábrica

Ou nas feiras populares

Elas vem com gosto de batom, alegradas e pulsadas

E fala, e como fala,

Os homens ficam doido

Pena que a coragem não vem junto

Relata um amigo meu “ Se eu tivesse uma dessas!”

E eu recrimino, não deixo!

Porque essas coisas só se fala pra dentro.

Ariano Monteiro
Enviado por Ariano Monteiro em 26/04/2012
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