arquibancada
O corpo de veludo marrom
Comprido, espichado
Cor de borra de café molhada
E brilhante.
Dentro dos seus olhos
Tem mil sóis, mil praias, amores de verão,
Desses arretados, que consome a gente um tempão
Equilibra vinte
Anos sobre sapatos altos
Vermelhos igual a unha,
Que se comportam
Assanhados, Inquietos, desaconchegados
Levando ela pro mundo!
E os homens vai, vai, olhando só,
Já que suas pernas são curtas
E quase todos tem hora de voltar pra casa.
A perna sobe de um jeito que dá medo.
E a gente querendo intimidade conforme
Conforme o céu acena.
Oh, céu que é longe! Só se vê terra e paisagem,
Capim seco, redes de pedra, e a gente
Sofre, dá saudade de casa, quer voltar
O paraiso se afasta quando se tem medo.
E é o que mais tenho.
Quando abre a boca
Só palavras bronzeadas
Que ninguém conhece no chão de fábrica
Ou nas feiras populares
Elas vem com gosto de batom, alegradas e pulsadas
E fala, e como fala,
Os homens ficam doido
Pena que a coragem não vem junto
Relata um amigo meu “ Se eu tivesse uma dessas!”
E eu recrimino, não deixo!
Porque essas coisas só se fala pra dentro.