Carregado de coisas tuas, este meu poema é teu.
E eu te dou este poema
e com ele toda a força que foi trazer à tona
o que se entranhava em meus silêncios absolutos.
Eu te dou este poema com toda a sua absurdeza,
com a presteza de quem somente se presta a tal,
eu te dou este poema e com ele a sua tristeza,
como quem dá sem nem pensar a própria vida,
ou mais que isso, te dou até a vontade de viver.
Eu te dou este poema
ainda que não seja mais meu quando ele vem
e ainda que seja absurdo dar tudo o que se tem.

Eu te dou este poema
e tudo o que há nele só para eu seguir sem,
que tu o carregues se quiseres a vida inteira,
despreocupada e esquecida de onde ele vem,
que eu seguirei leve sem o peso dessas palavras,
que nunca dizem o que não querem
e o que querem não dizem também.

Carregado de coisas nuas,
este teu poema não é mais meu,
é de um amor feito de coisas cruas
juntado àquela poesia que já morreu.

Mas eu te dou mesmo assim este poema,
que o coloques junto de tudo o que me levaste
e que possa enfeitar tudo aquilo que já foi meu.
Marcos Lizardo
Enviado por Marcos Lizardo em 25/04/2012
Reeditado em 07/05/2021
Código do texto: T3632431
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