O domador de palavras
Elas chegaram irritadiças, briguentas, intransigentes, indesculpáveis, nervosas e sem paciência...
Entraram todas de uma vez, sem bater na porta, sem pedir licença...
Espalhafatosas, mal vestidas, sem qualquer vestígio de educação...
E eu, sujeito passivo, moderado, sereno...
Paulatinamente fui chamando uma a uma para contar suas histórias.
Histórias de dor, sofrimento, desilusão, frustações...
Desarmei, uma a uma e coloquei um ponto final naquelas histórias tristes.
Abrir um parêntese e comecei a via –cruces.
Fiz cada uma voltar para dentro de si e procurar o que havia de mais belo
E mais puro no íntimo do seu ser...
Muitas choraram um choro sentido, outras sorriram ao descobrir o vosso poder.
E ao final uma a uma veio me agradecer, e prometeram abrir um parêntese, para escrever um novo capítulo, sem esquecer-se do fecha aspas, nos piores momentos de suas vidas.
Prometeram que começariam uma nova história com letra maiúscula e ponto de exclamação no final, pois a felicidade sempre vem colorida, mas o branco se destaca mais...
Ao término de tudo, refestelei-me no sofá e fiquei pensando nas diversas interjeições e quantos verbos de ligação seriam necessários para ligar os sujeitos um a um até tornar-se um elo tão forte que nem mesmo as regras gramaticais ortográficas conseguiriam separá-los.
E assim viveriam todos contentes conjugando o verbo amar nos três tempos: Passado, presente e futuro...