O domador de palavras

Elas chegaram irritadiças, briguentas, intransigentes, indesculpáveis, nervosas e sem paciência...

Entraram todas de uma vez, sem bater na porta, sem pedir licença...

Espalhafatosas, mal vestidas, sem qualquer vestígio de educação...

E eu, sujeito passivo, moderado, sereno...

Paulatinamente fui chamando uma a uma para contar suas histórias.

Histórias de dor, sofrimento, desilusão, frustações...

Desarmei, uma a uma e coloquei um ponto final naquelas histórias tristes.

Abrir um parêntese e comecei a via –cruces.

Fiz cada uma voltar para dentro de si e procurar o que havia de mais belo

E mais puro no íntimo do seu ser...

Muitas choraram um choro sentido, outras sorriram ao descobrir o vosso poder.

E ao final uma a uma veio me agradecer, e prometeram abrir um parêntese, para escrever um novo capítulo, sem esquecer-se do fecha aspas, nos piores momentos de suas vidas.

Prometeram que começariam uma nova história com letra maiúscula e ponto de exclamação no final, pois a felicidade sempre vem colorida, mas o branco se destaca mais...

Ao término de tudo, refestelei-me no sofá e fiquei pensando nas diversas interjeições e quantos verbos de ligação seriam necessários para ligar os sujeitos um a um até tornar-se um elo tão forte que nem mesmo as regras gramaticais ortográficas conseguiriam separá-los.

E assim viveriam todos contentes conjugando o verbo amar nos três tempos: Passado, presente e futuro...

val cunha
Enviado por val cunha em 24/04/2012
Reeditado em 27/09/2012
Código do texto: T3631236
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