uma parte da noite

ar frio, alta madrugada

garganta ressecada

o lixo voa na calçada

casas, pátios, prédios, apartamentos

uns acordados, outros sonolentos

a luz que sai por uma janela

vozes e música, também saem por ela

caminho pela calçada, ouvindo tudo

tudo o que o silêncio está dizendo

fala de alegria e de lamento

sensação, de uma nostálgica solidão

que se espalha com o vento

é quase um absurdo,

esse meu inqüetamento

esquinas, ruas, avenidas, vielas,

passo horas, passando por elas,

sigo noite adentro, em passo lento

não procuro nada, nem ninguém

quero apenas esse exato momento

não procurar, é a minha satisfação

vagar, sem destino, sem pretensão

fazer parte dessa noite

sem ninguém me enxergar

fazer parte dela, como se fosse o ar

andre b
Enviado por andre b em 30/01/2007
Código do texto: T363115