A vida é um Dom

Recebo grato o beijo dessa

boca morena e digo a verdade

Não sei fazer rima, mas posso

Lhe dizer das coisas que me anima.

De baixo dessa árvore

Vejo o mundo de pernas ocas

percebo o soar arcanjo que vem da sua boca

E a fogueira acende, a vaidade obedece.

Sei que nada é pra sempre

Tudo é raro e padece.

Quisera eu ser Josué de Medeiros

Com suas aventuras noturnas

Andar de guerra em guerra

Vivendo de boemia e comida.

Ama o corpo feminino

De curvas leves e amorosas

Ama o destempero das mulheres

Acha graça. Por isso volta

Bebe tão bem, o fogo

Que lhe sustenta

De vida, é cachaça meu amigo.

Uma maçaneta, um abrigo.

Não acorda cedo

O sol lhe é bom de tarde

Com mistérios insondáveis

De um céu azul e liquido

Bem vestido, é belo e limpo

Eu aqui, embaixo da copa

Na vastidão do céu inocente

Que é como uma redoma

De veludo, uma sutil corrente.

A namorada de Josué de Medeiros

É a noite fechada, de medo e arrepio

È coragem herdada, um corte

No vazio. Se lhe pergunta seu nome

Sequer sabe, não existe, não viu

É homem de sabedoria

Que não liga pro progresso

A vida é apenas um dom

de fome, sede, de amor

Ariano Monteiro
Enviado por Ariano Monteiro em 24/04/2012
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