SILÊNCIO E NADA MAIS

Voz silenciosa fria implacável

astuta inodora ausente.

Estrela do mar cadente,

no entanto se faz constante,

porquanto ouço de ouvir, inocente,

o que dizem já desdito, berrado em alto-falante.

Blecaute!

Luz negra no caos repentino.

O silêncio recusou o grito, emudeceu.

Deu causa a auto piedade.

Sentimento abjeto:

Impregna de compaixão o espírito alheio;

eleva o sofrimento a instância coletiva;

corrompe os argumentos da razão;

estabelece a ditadura do carente;

transforma o suposto adversário

num desprezível algoz intolerante.

Surdez absurda.

Cilada sintética fingida.

Barco em desalinho revirando no cais.

Um uivo a frente, silêncio e nada,

nada mais.

Wagner de Oliveira
Enviado por Wagner de Oliveira em 24/04/2012
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