SILÊNCIO E NADA MAIS
Voz silenciosa fria implacável
astuta inodora ausente.
Estrela do mar cadente,
no entanto se faz constante,
porquanto ouço de ouvir, inocente,
o que dizem já desdito, berrado em alto-falante.
Blecaute!
Luz negra no caos repentino.
O silêncio recusou o grito, emudeceu.
Deu causa a auto piedade.
Sentimento abjeto:
Impregna de compaixão o espírito alheio;
eleva o sofrimento a instância coletiva;
corrompe os argumentos da razão;
estabelece a ditadura do carente;
transforma o suposto adversário
num desprezível algoz intolerante.
Surdez absurda.
Cilada sintética fingida.
Barco em desalinho revirando no cais.
Um uivo a frente, silêncio e nada,
nada mais.