Lembranças Brancas
Poucas saudades eu tenho daqueles dias de bares, amores, uísques e vômitos expelindo humores.
Nenhuma lembrança boa eu guardo dela; da sua frieza, da sua cara deslavada a álcool, a fumo, a cheiro. Da sua maquiagem retocada ao voltar do banheiro.
Do seu brilho de brilhantes ideias, do seu corpo de amargo sabor, do seu realce que me espantava o torpor.
Poucas saudades eu tenho daquelas brigas sem sentido; eloquentes discussões, inclementes aditivos.
Nenhuma lembrança feliz ela me traz; apenas traições, desilusões e porres monumentais.
Da sua boca dormente, cuspia palavras me ferindo, chicoteando, dilacerando comigo. E eu anestesiado, rindo.
Mas, apesar das noites ruins e dos dias cheios de ressacas morais, eu dizia: Foda-se! Carpe Diem! E a procurava sempre mais.