VAMOS AS FESTAS

Vamos às festas pra ficar altos

Como se não importasse mais

Apartamentos empesteados de nossa tez perdida

Fumaça de tabaco e maconha

O gosto do álcool cavalgando nossas mentes

Eu posso lembrar de algumas noites dessas

E daqueles corpos todos entorpecidos pelo chão

Nos vamos às festas pra esquecer

Ou pra lembrar

Tanto faz só você sabe de seus motivos

E de sua vergonha

A juventude expele seus segredos nas horas noturnas

Nada melhor que um pouco de sexo e drogas

E algumas garotas diferentes

Ou uma boa briga

A sinfonia dos punhos e do partir dos ossos do crânio

A textura grudenta e crua do sangue

Assim sem medo

Vamos às festas por que achamos sermos heróis

Por que alaguem a certa altura convenceu a juventude que isto é uma prerrogativa sua

E acreditamos neles

Tudo parece perfeito

Os cordeiros gritando de dentro do fosso

Os idiotas correndo nos limites das jaulas e jurando ser livres

Vamos às festas por que somos selvagens

Vamos pra urrar e uivar pra deuses da foda e do vinho

Pra esquecer toda a rima e a ética

Toda a poesia esta morta

Como o cristo num crucifixo de um garoto chapado

Ele aponta e diz...

Esse cara é o salvador e é legal

Não é que ele acredite

É só que se lembra vagamente que aquele pedaço de chumbo em forma de cruz já foi carne e sangue e existiu

Vamos às festas pra sermos jovens

Pra sermos deuses

Pra sermos loucos

Pra morrermos

Ou pra matar

Talvez pra não ficarmos pra traz

Vamos por isso tudo

E por nada

E depois?

Quando acaba?

Me conta o que é que há depois das festas?

Renato , Rodrigo, amigos e antigos poetas que viveram comigo os tempos que narrei neste velho poema , achei que ja era tempo de dar alguma luz aqueles dias que eu sei que como eu voces nunca esqueceram.