EM CÂMERA LENTA - do livro POEMAS DE AZUL E PEDRA, de 1984

O tempo sequestrou o pacto

que travaste com a vida.

Teu olho automático registra

o vídeo-tape do mundo.

A espada da tua vontade jaz

- coração morto.

Mas, num centro qualquer,

resta algo de um homem

que reconhece contornos

e, em câmera lenta,

tateia um chão possível.

Do livro "Poemas de Azul e Pedra", de 1984.