PARAISO DO INFERNO

Caminhei centenas de milhas,

talvez milhares,

andei sol aberto,

solo minguado,

caminho incerto,

pedra na sola do pé,

observei pilhas

de bocas lazarentas,

famintos olhares,

almas sedentas

por um pingo de fé,

em sendas da aridez

mulheres, homens, crianças

vítimas da vil avidez;

A esperança, o amor

parece um sonho senil,

tão antigo, tão eterno,

que os farrapos já não sonham

nesta terra paraíso do inferno,

martírio sob o azul anil.

27/08/07

ANDRADE JORGE