O Voar Das Borboletas
Passa o tempo na janela
Carrega consigo o ontem
Passos longos apressados
Desligado dos compassos
Passa apressada a vida
Páginas rasgadas doridas
Entremeadas de amor
Por vezes de dissabor
Passa o ideal dos sonhos
Impossíveis de concretizar
Passam as dores da ilusão
Que maltratam o coração
Passa a dor da ausência
O silêncio das paredes
A neblina da saudade
As enxurradas do medo
Passa o luto da partida
As perdas e desenganos
A nostalgia prematura
A desmedida loucura
Passa a primavera
Faz cinza o amanhecer
Passa o tristonho tédio
A angústia sem remédio
Passa a paz do oceano
A brisa da esperança
As ondas de felicidade
Só não passa a saudade
Passa enfim a vida assim
Passos longos apressados
Nos jogos de mil roletas
No voar das borboletas.
(Ana Stoppa)