TONS DA TRISTEZA
Voava a bailarina no tablado:
– Ela era linda, inteira perfeição!
Deixava pelo ar um risco alado;
os olhos tão velozes não o são.
Fazia as piruetas concentrada,
real, porém fugaz. Matéria e sonho.
Sozinha! Era a luz... um raio ou nada;
o olhar, se percebido era tristonho.
Girava este planeta pelo espaço,
um palco onde desfilam tantas sinas.
Os passos do caminho que repasso
não bastam... suas linhas são tão finas!
Os mundos, paralelos, em escalas,
são cópias uns dos outros; quase iguais.
Assim é a tristeza! Não se cala:
– Fingimos não ouvir nada demais.
(para João Paulo Ribeiro)
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