Interstício

Interstício

Olho da janela, como se estivesse num tombadilho.

Observo os apartamentos de defronte.

Uma fenda que não chega a ser um abismo,

Uma praia nunca tocada pelo mar,

Um observar voyeur e distante.

Sou dado a tudo contemplativo

À espreitar, intrépido...

Voo longe a um tempo passado,

Sem carros, pessoas e prédios...

Estático.

O barulho apenas povoado por aves no deserto.

Agoniza a inércia da noite, desprezada

Pela luz do dia.

Um silêncio inócuo separa as pessoas e os apartamentos.

Um ar de mistério, em toda base do terreno.

O que seria aqui, antes do que era antes, do que era antes?

Tony Bahia

Fenda

Sento-me na varanda da noite

reina absoluto silêncio,

vezes cortado por um salto de gato,

procurando sua fêmea.

Disperso-me na claridade da Lua,

tantas coisas inquietando o coração,

o barulho chega inócuo,

pensamento em arrebentação.

Imagino onde estaria,

se outro rumo me permitisse,

perguntas tantas, fendas no escuro,

as respostas caindo num precipício,

perdidas no eco de uma nesga de Luz

que esvai-se na mesma velocidade

das nuvens ao vento.

Penso no silêncio cósmico

o que tramam os anjos a bailarem nos ares,

imaginando suas asas de cristal em azuis.

Sinto-me então, pó das estrelas,

aquelas que os olhos não alcançam,

mas ali estão na mesma solidão,

dessas noites sublimes.

O que seria eu, se eu não fosse?

O que existiria aqui, antes do aqui de hoje?...

Cássia Da Rovare.

Iluminada Inspiração da amiga Cássia - obrigado tony.

Tony Bahia
Enviado por Tony Bahia em 18/04/2012
Reeditado em 18/04/2012
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