Vigília
Vigília
Quem sou eu, para querer ser alguma coisa,
Se nem o rio que corre para o mar, sabe quem é?
O murmúrio da noite, segreda segredos em silencio,
Na escuta monótona de coisa nenhuma, na escuridão!
O percalço da vida é falso
E as borboletas não conhecem seu encantamento.
Tonto, pasmo a soletrar palavras em vigília
E desapareço
A cada instante que me sinto ou vejo.
A min'alma só enxerga o que sai de mim, agora.
Lá fora, o que existe está distante,
Feito céu pontuado de estrelas.
O tempo, dinamitando, a memória da vida
E as palavras no papel, perdendo as digitais.
Sem sinais, terminando o enredo
Feito embarcações
Que não encontram nunca, o cais.
Quero ser alguma coisa
Que não seja breve
Feito voo de albatroz, percorrendo milhas...
Vontade devastadora de ser mar e ilha.
Tony Bahia