Vigília

Vigília

Quem sou eu, para querer ser alguma coisa,

Se nem o rio que corre para o mar, sabe quem é?

O murmúrio da noite, segreda segredos em silencio,

Na escuta monótona de coisa nenhuma, na escuridão!

O percalço da vida é falso

E as borboletas não conhecem seu encantamento.

Tonto, pasmo a soletrar palavras em vigília

E desapareço

A cada instante que me sinto ou vejo.

A min'alma só enxerga o que sai de mim, agora.

Lá fora, o que existe está distante,

Feito céu pontuado de estrelas.

O tempo, dinamitando, a memória da vida

E as palavras no papel, perdendo as digitais.

Sem sinais, terminando o enredo

Feito embarcações

Que não encontram nunca, o cais.

Quero ser alguma coisa

Que não seja breve

Feito voo de albatroz, percorrendo milhas...

Vontade devastadora de ser mar e ilha.

Tony Bahia

Tony Bahia
Enviado por Tony Bahia em 17/04/2012
Reeditado em 19/04/2012
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