Apaga-se a chama
Repouso sobre a esfinge o meu cansaço
Do mundo, que a cada dia mais me afasto
Sentindo o sangue derramado sobre o aço
Vejo hordas levantarem-se do pó nefasto
Na destra, inda empunho a tocha apagada
Carente da chama que nas eras esmoreceu
Na outra, trago essa espada quase cegada
Pelo ardor do tempo, que há muito se perdeu
Tendo os olhos tristes, baços e amargurados
Inda temo a humanidade, que jaz corrompida
Assim, deixo a terra para os entes sepultados
Eu só viverei, planando pela vasta imensidão
Onde sinto, até na morte, ainda existe a vida
Mesmo que essa jamais persista neste chão.
Brasília, 17 de abril de 2012.